KTM venceu a 1ª na MotoGP com Binder! Veja análise

Se podemos definir a MotoGP em 2020 com uma palavra ela tem que ser IMPREVISÍVEL. No domingo, 9 de agosto, foi realizada a terceira corrida da temporada, o GP da República Tcheca, em Brno, e a KTM conseguiu sua desejada primeira vitória com sua equipe. Dia histórico por esse fato e muitos outros. Vamos a eles!

Antes da corrida

Nos treinos livres, o piloto Pecco Bagnaia (Ducati satélite na Pramac) sofreu uma queda e infelizmente lesionou a tíbia da perna direita, precisando de cirurgia – eu tenho essa mesma lesão no “currículo” e não recomendo. Mais uma baixa por lesão nessa temporada – lembrando que o único lesionado que ainda não voltou foi Marc Marquez (Honda) -, ficando fora inicialmente da corrida em Brno e da primeira corrida na Áustria, que será no fim de semana seguinte, dia 16. Prejuízo para Pecco que estava mostrando uma evolução técnica em 2020 e para a Ducati, que fica sem um dos seus pilotos na pista.

Os pilotos reclamaram bastante da (falta de) qualidade do asfalto do circuito, que aumenta o desgaste dos pneus e apresenta ondulações em alguns pontos. Nos tempos dos treinos, os pilotos satélite da Yamaha estavam constantes no topo, sempre um piloto KTM por perto, no caso Pol Espargaro.

Além das KTM uma moto chamava a atenção: a Ducati satélite da Esponsorama, com Johann Zarco. Passaram pela “repescagem” do qualificatório 1 para a disputa da pole os pilotos Alex Rins (Suzuki) e Brad Binder (KTM). No qualificatório final, Zarco conseguiu superar Fabio Quartararo (Yamaha satélite) e ficar com a pole position de Brno. Na última tentativa de salvar a pole position, Fabio caiu, sem se machucar felizmente.

Se olhar a queda de Fabio em câmera lenta fica nítida a irregularidade do asfalto, que os pilotos reclamaram. Fechando a primeira fila do GP da República Tcheca ficou Franco Morbidelli (Yamaha satélite). No intervalo de um segundo do tempo da pole estavam 11 pilotos, mostrando que o grid está equilibrado e competitivo, o que é ótimo!

Hora do show

No domingo da corrida, pista seca, sem o calor brutal de Jerez – um desafio a menos para os pilotos dessa vez. No Warm Up (um treino livre de aquecimento pré-corridas) Pol Espargaro foi o mais rápido. Na largada para a corrida com 21 voltas, Zarco não largou bem e caiu para sexto enquanto Morbidelli largou bem e assumiu a liderança, seguido por Quartararo, Aleix Espargaro (Aprilia) e as KTM de Pol Espargaro e Brad Binder.

Binder no caso era o único novato nesse pelotão e logo começou a ultrapassar os rivais e assumir o segundo lugar. Pol seguiu Binder e quando estavam as duas KTM no pódio em 2º e 3º Pol errou uma curva espalhando, na curva seguinte Pol abriu novamente, dessa vez Zarco aproveitou para ultrapassar. Pol tentou bloquear, quase derrubou Zarco, e acabou saindo sozinho com o contato.

Vi alguns relatos de que a roda de Zarco não estava na frente da de Pol no contato e que isso da razão para Pol, não sou piloto, mas não concordo com esse ponto de vista, baseado no que cada piloto poderia ver da posição que estava (basta olhar as fotos dessa reportagem). Basta ver as fotos e rever o vídeo. Se alguém poderia ter evitado a colisão – que por sorte não derrubou também Zarco – esse alguém era Pol.

Faltando nove voltas para o fim da prova, Binder conseguiu a ultrapassagem sobre Morbidelli e colocou a KTM na liderança da prova. Algumas voltas depois, a organização apresentou uma punição para Zarco de “volta longa” (todo circuito tem um ponto com uma linha identificando onde tem que passar no extremo oposto ao usado, para gerar uma perda de tempo para o piloto punido). Zarco cumpriu a volta longa de forma incrível, e o mais inusitado é que não perdeu nem uma posição! Zarco tinha no momento 1s8 de vantagem para Fabio, que vinha atrás e atraso de 1s2 para Franco que estava na sua frente. Com isso, a diferença subiu para 2s9 acabando com as chances de Zarco ao menos disputar um segundo lugar. Ele não perdeu posição porque Fabio Quartararo estava em péssimo dia, assim como os que vinham atrás dele, mais lentos. Sorte, pura sorte.

Desse momento para frente, Binder abriu mais a vantagem sobre Franco, Zarco diminuiu a diferença para Franco e com Zarco, nas últimas voltas estava Alex Rins (Suzuki) querendo a todo custo a posição no pódio. Mas nada mudou até a linha de chegada.

KTM fez história na MotoGP com a primeira vitória da sua equipe, Binder fez história por ser um novato a vencer na MotoGP na sua terceira corrida – antes dele o último piloto a conseguir esse feito foi Marc Marquez em 2013. Morbidelli conseguiu seu primeiro pódio na MotoGP após a frustração de ter que abandonar a corrida por falha da moto quando estava entre os 3 primeiros em Jerez.

Zarco conseguiu segurar Rins no quarto lugar, gerenciou de forma incrível a penalização e retornou ao pódio (onde não chegava desde 2018) mostrando seu potencial com a Ducati (lembrando que a moto que ele usa é a 2019, diferente da usada por Dovizioso, Petrucci e Miller). Binder tinha um ritmo de corrida incrível e cruzou a linha com 5s266 sobre Morbidelli. Vendo a diferença de Franco para Zarco no fim da prova (1s204) significa que sim, Zarco tinha ritmo para chegar em Franco e pelo menos tentar disputar a segunda posição.

O grande perdedor da etapa? Pol Espargaro, que tinha bom ritmo, mas já perdeu parte do foco no qualificatório após perder a segunda posição por ter desrespeitado a bandeira amarela – da queda do Quartararo – e caído para sétimo no grid de largada. Na corrida, quando viu o novato Binder, com a mesma moto que ele, disparar com boa chance de ter um pódio ou vitória ainda inéditos para a KTM, tentou andar acima do seu limite, abriu duas curvas seguidas e acabou no chão, com zero pontos.

Após a prova, ainda deu declarações como “Zarco não se importou comigo naquele momento” e “Conseguiu o pódio após fazer um cara cair um cara que estava na frente dele, então foi o trabalho perfeito para ele” além de mencionar que Zarco não cumpriu a punição corretamente – o que coloca em questionamento o trabalho da direção de prova. Pol errou, perdeu e não quer assumir, acontece… Claro, a equipe Honda também foi mal, sem Marc Márquez mostram como é total a dependência.

Como fica a classificação

Com os resultados do GP da República Tcheca, Fabio Quartararo segue líder com 59 pontos (terminou a prova em 7º lugar), Maverick Viñales continua também com a segunda posição, com 42 pontos (terminou a prova em 14º) e Franco Morbidelli assume a terceira posição – por critério de desempate – com 31 pontos, empatado com Andrea Dovizioso (terminou a prova em 11º). Temporada aberta e tudo pode acontecer nas próximas corridas!

A próxima corrida será no Red Bull Ring, na Áustria, dia 16, onde algum piloto Ducati sempre vence a corrida desde 2016, quando o circuito entrou na MotoGP. Será um momento decisivo para os pilotos Ducati em relação aos contratos. O desempenho dos pilotos Ducati – das 3 equipes – nessas duas corridas vai determinar como ficam os contratos para 2021. Chance de Zarco subir para uma vaga melhor dentro da Ducati? Talvez. Vamos acompanhar.

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