Ducati e suas 8 motos no grid da MotoGP é algo bom ou ruim?
“Existem oito motos Ducati (no grid da MotoGP) porque os outros fabricantes não queriam dar motos para outras equipes. Não foi a Ducati que os obrigou a ter a moto, os outros fabricantes não forneceram motos.” Declarou Davide Tardozzi, gerente do time Ducati Lenovo na MotoGP em participação no podcast do campeonato.
Essa questão de 1/3 do grid ser de motos da mesma fabricante gera bastante debate entre entusiastas – e até rivais diretos dos pilotos Ducati – mas pode ser na realidade que os times não tiveram recusa das outras fabricantes como diz Tardozzi, mas sim que esses times queriam ter a melhor moto possível. Isso é diferente. Bem diferente.
O problema de ter tantas motos de uma mesma fabricante no grid é simples: gera desequilíbrio técnico entre fabricantes.
Você tem 8 motos diferentes da mesma fábrica para coletar dados na mesma corrida, com 8 motos na pista você deixar 2 (as de fábrica) ou 4 (2 de fábrica mais 2 satélite) para buscar resultado e testar peças e calibragens diferentes nas outras 4 antes de aplicar nas motos de fábrica. Tudo é muito caro na MotoGP e dependendo das negociações fica ótimo para os times privados ajudar a Ducati nisso.
Ganha-se muito no desenvolvimento da moto ter tantas motos da mesma fabricante no grid, tantos dados e poder testar tantas coisas, quando comparado a uma fabricante com 2 motos no grid como a Aprilia até esse 2022.
Essa parte Tardozzi preferiu omitir – faz parte do jogo – e é essa parte que está ajudando e vai ajudar a Ducati a vencer muito mais na MotoGP, um desejo forte deles, desde o saudoso Casey Stoner que conquistou o único título mundial na MotoGP para a Ducati em 2007… até o momento em que escrevo essas palavras.
Realmente não podemos culpar a Ducati de ter 8 motos no grid da MotoGP se os times procuram eles interessados em suas motos e eles podem atender esses pedidos. Fato. Isso é mérito da Ducati que também faz um bom trabalho em parceria com esses times na busca dos talentos para pilotarem as motos italianas. Isso não tira também o mérito dos pilotos Ducati na competição.
Mas por tudo que eu comentei acima existe uma preocupação com o equilíbrio técnico do campeonato, o que pode fazer com que a Ducati domine o campeonato com pódios completos de pilotos Ducati e a única alternância ser entre qual piloto usando moto da fabricante italiana será campeão.
A organização do campeonato tem a responsabilidade de equilibrar isso para evitar que fabricantes acabem deixando o campeonato – como faz a Suzuki no fim de 2022 – porque o investimento para estar com uma equipe na MotoGP é imenso.
E ninguém quer levar bolo para a festa dos outros.
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