O que vimos no Salão Duas Rodas 2019
Esperei propositalmente uma semana após o término no Salão Duas Rodas 2019, aberto ao público de 19 a 24 de novembro na capital paulista, mais precisamente no São Paulo Expo. Sem a empolgação das novidades e a frustração do que não veio, agora você confere as motos apresentadas nessa edição do evento, que quando o assunto é lançamento de motos, ainda é o mais importante do Brasil.
Começando pela Honda, que é a líder de vendas no Brasil e que mais uma vez foi a marca com maior espaço no evento e o maior número de lançamentos. Além dos cinco conceitos que foram apresentados dias antes do evento para a imprensa – clicando aqui você vê o vídeo sobre isso – a Honda apresentou as novas bicilíndricas CB 500F e CB 500X (meu lançamento favorito), além das esperadas CB 650R e CBR 650R, com seu motor quatro cilindros em linha.
Se você prestou atenção, reparou que a CBR 500R não veio e nem virá. A Honda irá centralizar o público fã das esportivas na CBR 650R, que inclusive vai a partir de 2020 terá uma competição monomarca no Superbike Brasil, sucedendo a Copa Honda CBR 500R, já que o modelo anterior saiu de linha e o atual – lá fora – não virá. De acordo com a organização do campeonato, os atuais pilotos da Copa Honda CBR 500R terão incentivos e subsídios para facilitar o upgrade da 500 para a 650 e continuarem competindo nas pistas.
Além das motos, simuladores para entreter os visitantes, uma área para as crianças – o Clubinho Honda – e uma réplica da moto do Marc Márquez, inclinada a 68 graus, para você tirar sua foto e ver como é que o oito vezes campeão de motovelocidade anda na pista.
Além das motos que serão vendidas, a Honda mostrou a ADV 150 – scooter inspirada na XADV com suspensão robusta na traseira – e a Forza 300. Com o argumento de que está “medindo a aceitação do produto” a marca deixa amostra do que pode trazer a qualquer momento para as ruas.
Na Yamaha, o único lançamento de produto foi a scooter XMax 250, recheada de recursos e que chega em abril nas concessionárias . A pré-venda está sendo realizada por R$ 21.990 (+frete) nas concessionárias e o preço pode mudar (o que deve acontecer mesmo) até abril de 2020.
Além do XMax, a Yamaha apresentou uma parceria com a Marvel, lançamento uma linha de roupas e revelando algumas customizações feitas em parceria com a Bendita Macchina, inspiradas nos super heróis da Marvel. Existe a possibilidade de que alguma das customizações apresentadas vire uma edição limitada no futuro.
A Yamaha também trouxe a Motoroid, uma moto futurista semi autônoma, que no palco do estande da marca interagia com o apresentador, obecedendo seus comandos. Uma amostra do potencial tecnológico que a marca tem. Falando em tecnologia, a Yamaha também abriu uma loja online para vender motos e acessórios, e levou ao Salão Duas Rodas a Niken, motocicleta que utiliza o motor da conhecida MT-09, com duas rodas na dianteira e uma suspensão bem robusta e diferente.
Não existe previsão de vendas na Niken no Brasil, mas se vier, prepare o bolso, pois quem viu ela ao vivo sabe bem que aquela suspensão dianteira não vai custar nada barato. Se brasileiro já reclama de preço de motos “normais”, será um belo desafio justificar o possível preço “salgado” dessa motocicleta com três rodas. Muita gente esperava ver a Ténéré 700 no Salão Duas Rodas, mas não foi dessa vez…
A Yamaha também usou outros espaços no evento. Teve ação para as crianças, simulador que é usado para capacitar motociclistas e uma área grande dedicada a divisão de competições da marca, com as motos de diferentes modalidades onde a Yamaha está presente hoje.
A Triumph continua gradativamente crescendo no Brasil e levou ao evento duas novidades. A nova geração da naked Street Triple 765 RS e a bruta Rocket 3 R. A primeira era previsível, já a Rocket me surpreendeu. Eu esperava algo menos ousado – mas mais vendedor – como a Speedmaster, mas a Triumph apostou na ousadia da nova geração da moto com o maior motor produzido em série do muuuundo de 2.500 cm³.
Não andei nessa moto, mas quem andou – lá fora – gostou bastante do avanço tecnológico que deixou a moto mais usável. Estou realmente curioso para provar essa moto. Além das motos que serão vendidas, trouxe o protótipo da Moto2, categoria intermediária do Mundial de Motovelocidade que usa o motor 765 da Street Triple.
Também destaco que a Triumph acertou com o ciclo de palestras técnicas oferecidas ao público presente com o Pablo Berardi do TRX e parceiros como a Castrol. Investir em conhecimento é investir em motociclistas mais capacitados e conscientes. Ponto para a Triumph por isso.
A Kawasaki, assim como em 2017, trouxe moto que havia acabado de ser lançada no Eicma, realizado semanas antes. Dessa vez foi a nova geração da Z900, que ganhou novo visual – realmente bem mais bonito – e eletrônica para deixar ela mais acessível para pilotos não tão experientes. Chega só no fim de 2020 e claro, não tem preço ainda.
Na Royal Enfield a novidade que já havia sido divulgada antes foi a apresentação das novas 650 da marca. Inteceptor 650 e Continental GT 650 chegaram com um conjunto completamente novo se comparar com a linha 500 e com preço bem competitivo, partindo de R$ 25 mil!
Sem dúvidas, pensando no mercado de motos brasileiro esse foi o lançamento mais importante do Salão Duas Rodas 2019 e posso dizer que foi a marca que melhor aproveitou a exposição alta que o evento proporciona. Essas 650 vão mudar a forma como a Royal Enfield é vista pelo motociclista brasileiro, aumentar bem suas vendas e acredito que “roubar” alguns clientes da Triumph Street Twin, oferecendo um custo-benefício bem difícil de superar.
Chegam em janeiro nas concessionária e também estão em pré-venda nas concessionárias Royal Enfield. Além das 650, a marca apresentou uma cor nova da Himalayan, batizada de Sleet, que será vendida como edição especial com as malas rígidas laterais.
A KTM recentemente ganhou uma nova gestão no Brasil e também estava presente no evento, mas não apresentou nenhuma moto nova. Por algum motivo era a única que não estava na rua principal, junto com as demais montadoras, o que achei um erro por parte da organização do evento.
Na Kymco, que foca mais nas scooter, a novidade foi a maxiscooter AK 550. Na Haojue as novidades foram uma nova trail – que lembra muito a Honda Bros 160 – e uma nova street bem moderna. Na Suzuki, uma versão mais equipada da V-Strom foi apresentada também.
Quem não foi perdeu?
Como não é novidade para ninguém, BMW, Ducati, Dafra e Harley-Davidson decidiram não participar do evento, redirecionando o alto custo que seria investido em uma semana de Salão Duas Rodas em eventos próprios (como o BMW Motorrad Days), ações de experiência com os clientes (como a seletiva do BMW GS Trophy, o Harley-Davidson Riders Camp e o início do Ducati Rider Experience) e participação em outros eventos com menor custo, como Festival Duas Rodas (onde BMW, Ducati, Dafra e Harley-Davidson apresentaram novos produtos), BMS Motorcycle e Rodeo Motorcycle (onde a Harley-Davidson foi patrocinadora oficial).
Além das motos novas, que vão para as concessionárias e podem ir para sua garagem, alguns customizadores como Ricardo Medrano da Johnnie Wash e Rodrigo Marcondes da Bendita Macchina apresentaram customizações de motos. Quem visitou o estande da Royal Enfield pode conferir a customização do Danilo Bona da Wolf Motorcycles, uma Himalayan “Adventure” que entre outras alterações estava com aro 21” na dianteira!
Além das motos, o evento tinha algumas ações de experiência ao visitante. O mais divulgado pelo evento foi o test ride on road e off road – que precisava de um ingresso diferente, bem mais caro para poder participar. Além disso, teve bandas tocando ao vivo dentro do evento, ciclo de palestras, apresentações de motocross Freestyle, show de manobras da Força e Ação e a etapa do Arena Cross, que sempre rende grandes disputas.
O veredito
Acredito por tudo que vi nessa edição que o evento perdeu qualidade – como vitrine para o mercado brasileiro de motos – com a ausência das marcas que resolveram não entrar dessa vez. Na verdade, o evento perdeu mais do que as marcas ausentes, pois elas criaram suas ações próprias usando o dinheiro que seria investido ali e posso dizer que a Harley-Davidson foi quem melhor fez isso. A BMW com a realização do Motorrad Days e principalmente com a seletiva para o GS Trophy fez uma grande ativação junto ao seu público mais fiel, que é o da família GS, algo que não aconteceria dentro do Salão Duas Rodas.
Essa foi a minha visão, de quem esteve lá e de quem também participou ativamente os outros eventos regionais. O evento continua sendo a principal vitrine do mercado brasileiro de motos, isso é fato. Mas não consigo afirmar que fez juz a propaganda de serem “a maior expressão do lifestyle do mundo Duas Rodas”. Salão Duas Rodas agora só em 2021 e até lá muita coisa pode acontecer no mercado e nos principais eventos de motos.
A principal ameaça para o Salão Duas Rodas hoje se chama Festival Duas Rodas, que começou em 2019 com alguns erros, mas tem tudo para evoluir como vitrine do mercado de motos e levar mais marcas para ele, principalmente pelo baixo custo de participação. Mantendo a mesma política de preços altos para quem participa do Salão Duas Rodas, acredito que em 2021 não teremos todas as marcas presentes novamente.
E a culpa não é das marcas…
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