Royal Enfield Interceptor 650 e Continental GT em detalhes
Com o início das vendas da Interceptor 650 e da Continental GT 650 no Brasil a Royal Enfield subiu rapidamente alguns níveis da sua credibilidade no disputado e exigente mundo das motos. Achou exagero? Leia esse texto até o fim…
Motociclistas de diferentes níveis de experiência e idade com certeza já tomaram conhecimento da Royal Enfield no mercado brasileiro. Você pode até não ter ficado com uma boa impressão na primeira “safra” de motos vendidas no Brasil – a linha 500 – e está tudo bem. A operação começou em ritmo bem lento e isso foi proposital, pois não queriam errar em um mercado importante como o Brasil, mantendo apenas uma concessionária ativa na capital paulista por um bom tempo.
Somente após o lançamento da trail Himalayan – em janeiro de 2019 – que a marca girou o acelerador e começou a esperada expansão da rede, além de participar do Salão Duas Rodas, onde confirmou a vinda das honestas Interceptor 650 e Continental GT 650, duas motos que compartilham a mesma base – motor, chassi, rodas, freios e suspensões – mas durante a pilotagem entregam diferenciadas experiências ao motociclista.
Um ano após a chegada da Himalayan foi realizado o lançamento oficial das motos, com direito a presença ilustre de Vinod Dasari, CEO global da Royal Enfield, que sucedeu Siddartha Lal no cargo desde abril de 2019. Além disso e não menos importante, Mark Wells, diretor de design e estratégia da marca é o responsável pelos projetos das irmãs 650.
Wells esteve presente não apenas na coletiva de apresentação mas também nos dois dias de pilotagem com as motos no Brasil! Uma curiosidade sobre Wells é que seu conhecimento técnico sobre motos é tão grande quanto sua paixão por pilotá-las. Quem tem a chance de conhecê-lo pessoalmente se impressiona.
Já pilotei em lançamento de moto com quem fez o projeto durante o evento mundial da BMW G 310 GS, na Espanha, pilotei com Wells na Califórnia no fim de setembro de 2018, no lançamento mundial dessas motos, mas isso acontecer no Brasil foi uma novidade para mim, que apenas reforça o foco da marca no nosso mercado.
O que chama a atenção em primeiro lugar – antes mesmo de ligar seu motor – é a beleza das motos. Elas seguem a linha “clássica moderna”, com base na história da marca, que já tem mais de 100 anos de atividade. Outra curiosidade: foi a Royal Enfield que lançou em 1964 a primeira motocicleta no estilo café racer produzida em série, a Continental GT 250, claro, atenta ao movimento que estava em alta na época, de modificar outras motos para criar as tais café racer. A atual GT é a terceira geração do modelo, que teve a GT 535 comercializada no Brasil até poucos meses atrás quando saiu de linha.
Já a Interceptor 650 é a segunda geração do modelo, já que a primeira Interceptor era uma 750, e também foi lançada nos anos 1960, na Califórnia, local escolhido para o lançamento mundial delas.
As diferenças entre essas Royal Enfield
Basicamente a grande diferença é a posição de pilotagem e nos tanques, que são diferentes, pois além do desenho, a capacidade é diferente: a Interceptor tem 13,7 litros e a GT tem 12,5 litros. A Interceptor tem assento reto, guidão alto e pedaleiras em posição neutra, deixando o motociclista praticamente com a coluna ereta o tempo todo. Já a GT tem semiguidões mais baixos, assento com desenho diferente e mais confortável que na Interceptor, pedaleiras recuadas – com direito a extensor para a alavanca do câmbio. A altura do assento também é diferente: 804 mm na Interceptor contra 793 mm na GT 650.
Com isso, quem busca uma pilotagem mais relaxada e confortável vai se encantar pela Interceptor, enquanto quem deseja doses de esportividade na sua rotina deverá degustar melhor a experiência na GT. O próprio Mark Wells afirmou gostar mais da GT pela esportividade, enquanto eu fiquei bem surpreso com a prazerosa experiência de pilotar a Interceptor pelo Brasil. Outras diferenças são que a Interceptor vem com cavalete de série e pesa quatro quilos mais que a café racer. São 202 kg contra 198 kg na Continental GT de peso cheio. Difícil sentir essa diferença de peso na pilotagem…
Essas motos representam o primeiro projeto da Royal Enfield pensado para outros mercados fora da Índia, base operacional atual da marca, que é administrada pelo Eicher Group. Se você não sabe a Himalayan foi lançada com carburador e só depois foi adaptada a injeção eletrônica. Para ser usável – e homologada – no Brasil o motor 650 teve os mapas da injeção acertados, além da troca do filtro de combustível para rodar sem problemas com a nossa gasolina.
Aqui vai a primeira e talvez única diferença das motos que pilotei na Califórnia: a brasileira parece andar cerca de 10 km/h menos que a “gringa”. Agradeça ao nosso combustível por isso. O motor com dois cilindros paralelos de 648 cm³ tem arrefecimento a ar e óleo, intervalo de 270° nos pistões – como na Yamaha MT-07 e Honda NC 750X, não esquenta e nem vibra a ponto de incomodar – passa longe disso na verdade, e tem injeção eletrônica Bosch. Desenvolve de acordo com a fábrica 47 cv de potência máxima e tem pico de torque de 5,3 kgf.m. Suficiente para encarar a estrada com ou sem garupa.
O motor responde bem, tem embreagem deslizante que permite fortes reduções de marcha sem travar a roda, além do câmbio de seis marchas com engates suaves e precisos. É um motor que encanta, mas não assusta os menos experientes e isso é bom. O consumo fica entre 20 e 25 km/l e a velocidade máxima fica pouco acima dos 160 km/h. Em sexta marcha, rodando a 120 km/h, o motor trabalhou durante esse primeiro contato no Brasil com rotação em torno de 5.000 rpm. O ronco do escapamento duplo é grave, encorpado, e fica mais bonito acima desses mesmos 5.000 rpm.
Atenção aos detalhes
A suspensão traseira das novas 650 tem um detalhe importante que deve ser reforçado aqui. O ajuste da pré-carga de fábrica é no nível 1 na Interceptor enquanto na GT ele sai no nível 3, mais firme. Lembre-se de sempre fazer esse ajuste para o seu estilo de pilotagem. Endureci essa pré-carga na estrada e fez toda diferença na Interceptor durante a pilotagem. Pré-carga ajustável existe para ser usada! A suspensão dianteira é do tipo garfo telescópico convencional de 41 mm e não tem ajustes. Curso de suspensão dianteira é de 110 mm, enquanto na traseira é de 88 mm.
Além do que já foi dito até aqui, a marca tem uma linha de acessórios para elas, que tem uma base totalmente apta para customizações, além de ser possível preparar ela para ficar mais apimentada.
Com preços a partir de R$ 25 mil na Interceptor e R$ 26 mil na Continental GT 650 – que aumentam conforme a cor, elas em um primeiro momento abrem seu próprio espaço no mercado, mas, devemos ver três perfis que deverão colocar essas motos na sua vida em breve:
- Quem possui alguma das motos 500 da Royal Enfield;
- Quem sonha com uma Triumph e não têm 40 mil reais;
- Quem cansou de ser roubado com motos consideradas visadas.
A Interceptor me agradou mais. Encaixa mais fácil que a Continental GT 650 no meu estilo de pilotagem. Me senti mais confortável e confiante para acelerar mais com ela nas estradas. Mesmo com chuva durante o teste pude comprovar como elas passam confiança ao motociclista. As rodas raiadas são aro 18″, os pneus radiais Phantom Sportcomp tem câmara de ar e foram desenvolvidos pela Pirelli para essas motos. No asfalto seco e na chuva passaram confiança para seguir em frente.
Para encerrar, os responsáveis pela marca deixam muito, mas muito claro, que eles não tem a pretensão de serem concorrentes diretos de Triumph e Harley-Davidson, mas sabem muito bem a qualidade dessas 650 e o potencial que tem para satisfazer os desejos de muitos motociclistas brasileiros.
Essas motos contam com 3 anos de garantia. Se a marca garante esses 36 meses é porque confia mesmo no seu produto e pós-venda. Pense nisso tudo que te apresentei aqui e de uma chance para a Royal Enfield. Seus dias ficarão mais animados e sua auto estima ganhará um carinho toda vez que ouvir o som grave que sai pelos escapamentos delas. O melhor? Sem gastar rios de dinheiro…
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