OPINIÃO

O dia que eu entendi o diferencial da Harley-Davidson

Para o lado positivo – e também para o lado negativo – dá para falar muito sobre a centenária fabricante de motos norte-americana Harley-Davidson. Mas quero compartilhar aqui o dia que eu entendi o poder que essa marca possui no motociclismo.

Estava em Sorocaba, SP, em outubro de 2019, onde acontecia o Rodeo Lucky Friends, um festão para motociclistas que ainda não vi algo parecido no Brasil. Eu fui de moto, uma Harley-Davidson Iron 1200. Após o evento decidi acompanhar uma amiga que é de Brasília, DF, – e que pilotava sua Harley-Davidson Iron 883 – até Curitiba, PR, descendo pela sempre divertida Serra do Rastro da Serpente, com suas infinitas curvas e bom asfalto. Ela desceria até Blumenau, SC, com outra amiga – também de Iron 883 – e aproveitei a oportunidade de ir junto para rodar mais de moto.

Na manhã do dia de partir de Sorocaba, SP, vi que mais duas mulheres iriam junto. Elas também com suas motos Harley-Davidson. Uma delas fez uma pergunta que me chamou a atenção quando eu disse que a Iron 1200 não era minha: “Sua Harley está na oficina?” Eu expliquei que não tenho uma Harley, que crio conteúdo, etc, etc, etc. Mas nesse momento me senti incluído em uma comunidade da qual não faço parte, mas me senti acolhido. Me senti bem.

harley-davidson
Minhas companheiras na viagem. 3 coisas em comum nelas: o respeito, a paixão por pilotar e ter uma moto Harley-Davidson

Saímos e para não prolongar muito a história, curti com a ‘minha’ Iron 1200 um dia de sol em uma das estradas mais atrativas para motociclistas que temos no Brasil, com mulheres motociclistas que me deram uma aula sobre respeito, sobre empatia e sobre como deveria ser o motociclismo: uma comunidade que está junta, que não tem preconceitos, sem exibicionismo.

Chegamos em Curitiba e aos poucos cada uma ia se separando do grupo. Não paramos para dar tchau para cada uma e não era preciso, o respeito ali era forte e presente como o ar que respiramos. Dormi em uma Curitiba chuvosa, acordei no dia seguinte, ainda com chuva, subi na Iron 1200 para retornar sozinho para São Paulo.

No posto de gasolina, ainda em Curitiba, parei para abastecer e um cadeirante me abordou pedindo ajuda, que comprasse balas (ou algo do tipo, confesso que não me lembro desse detalhe). Controlando o horário – pois eu tinha prazo para chegar na capital paulista – fiquei conversando ali com o cadeirante que me contou um pouco sobre sua vida. Falamos sobre a ‘minha’ Harley e ele ainda tirou foto minha com a moto (foto abaixo). Era nítido que ele estava mais feliz por eu ter dedicado um tempo ali dando atenção a ele em um dia tão cinzento. E eu me sentia igualmente bem por isso.

Debaixo de chuva subi até São Paulo, SP, para devolver a moto que serviu de meio para me sentir parte de uma comunidade inspiradora e cativante. Não precisei comprar uma jaqueta, uma camiseta ou uma cueca da Harley-Davidson para me sentir parte disso. Bastou estar com a moto e aberto as oportunidades. Eu poderia ter deixado de viver esse dia especial e retornado para São Paulo, mas escolhi viver esse dia, escolhi ouvir mais do que falar, olhar mais do que mostrar. Nessa viagem me senti mais vivo, me senti mais humano, me senti ainda mais encantado pelo poder que as motos tem de deixar o dia melhor.

Minha paixão pelo mundo das motos só aumentou nessa viagem, mesmo tendo feito viagens de sonho pelo Brasil e fora dele. Quem faz a moto ser tão especial são as pessoas e suas atitudes, mas preciso reafirmar aqui que por algum motivo ainda fora do meu entendimento quando as pessoas estão com uma moto Harley-Davidson o sentimento de pertencer a uma comunidade é maior. Para mim esse é o grande diferencial da marca, o motivo de ter tantas pessoas apaixonadas pelas motos e pela história. Obrigado mulheres pelo exemplo e pela lição de vida. Obrigado Harley-Davidson Iron 1200 por servir de meio para uma experiência tão inspiradora.

E você? Se lembra de algum momento que te marcou positivamente no mundo das motos? Compartilhe nos comentários para inspirar mais pessoas.

MARCELO BARROS

Marcelo é criador de conteúdo para motociclistas desde 2011. Compartilha seus erros e aprendizados para que mais pessoas entendam como é bom andar de moto todos os dias, usando ela da melhor forma possível, sem neurose.

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